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mais um blog que será apagado no futuro;

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Os lugares que um dia amei continuam vivos dentro de mim, mas mudaram de forma, como se o tempo tivesse redesenhado suas margens e alterado seus significados. Sentar-me em meio a eles é enfrentar uma plenitude inquietante, como se o coração se expandisse e encolhesse ao mesmo tempo. Há uma beleza na simplicidade de tais momentos, uma beleza que se esconde na imperfeição, no que foi deixado para trás. Mas o que aconteceu com o espírito que outrora dançava livre, sem peso nem dúvida? Por que agora cada passo parece pedir por raízes que não posso mais encontrar?

O mundo exterior reflete esse desejo em suas árvores caídas, em seus rios persistentes, em seus céus que mudam de cor sem aviso. Tudo fala, se você souber ouvir. Mas nem todas as palavras trazem consolo; algumas sussurram a fragilidade de todas as coisas, a transitoriedade que permeia até mesmo o que parecia eterno.

Há lugares que pertencem apenas à memória, mas eles chamam como um santuário ao qual retorno para buscar respostas. Cada canto, cada detalhe, guarda segredos que partilhei comigo mesmo, e é ali que encontro o que perdi. Talvez seja um fragmento de paz, talvez uma faísca de quem um dia fui. Esses espaços não são físicos, mas emocionais, escondidos nos recessos mais profundos do meu ser. Retornar a eles exige coragem, pois há sempre o risco de descobrir que o que se perdeu jamais poderá ser recuperado.

Mas talvez o propósito não seja recuperar, e sim aceitar. Aceitar que a jornada continua, que as marcas do tempo em mim são os traços de uma história que ainda está sendo escrita. Que há um ponto de partida em cada fim, e que é preciso, acima de tudo, confiar no movimento da vida, mesmo quando o horizonte parece tão distante. Então, sigo adiante, não com a esperança de encontrar, mas com a coragem de buscar. Porque, no fundo, é isso que mantém o coração vivo: a eterna dança entre o que foi e o que ainda pode ser.