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[O que você teme, dá poder aos seus sonhos]
Uma vez, enquanto pegava um trem em alguma cidade aleatória, conheci uma garota. Ela tinha sonhos, muitas perguntas sobre a vida, mas também muitas mágoas guardadas; me falava sobre um amigo que, anos atrás, a deixou. Ele simplesmente havia decidido, por motivos que nunca foram revelados, que era o momento exato de não mais existir. Desapareceu, como quem sequer havia feito parte, e deixou muitos questionamentos para trás.
Essa garota então me contou o quanto aquilo a havia atingido em pontos fatais e invisíveis, sobre o quanto o silêncio a feriu mais do que qualquer grito e o quanto ela guardaria daquela situação para o resto da vida. Eu também contei sobre mim, meus planos, minhas metas e o quanto me importava com algumas coisas, ainda que com um jeito torto e perdido para quase tudo na vida. Eu, de fato, abri o meu mundo.
Muitas estações se passaram, tive a sensação de que aquela viagem havia durado anos, e quanto mais conversávamos, mais eu a considerava... até que ela se foi. Ela esperou o anúncio da sua estação e, enquanto eu estava distraído, saiu pela porta e nunca sequer olhou pra trás; me pergunto se ela também guardou a mágoa de ter se tornado quem tanto temia. Ou, pior, se conseguia dormir com tranquilidade, ignorando todo o caos de ter me feito perder tempo.
Eu nunca havia entendido a frase de que o sonho do oprimido era se tornar o opressor, até de fato ver a cena diante dos meus olhos, como quem não queria acreditar. Percebi então que talvez tivesse sido só mais uma das viagens que ela fazia, mais um trem que ela pegava sem propósito e mais uma vida que ela cruzava só por cruzar. Não havia objetivo. Concluí então que não fazia sentido tentar entender: às vezes, as pessoas só se importavam com elas mesmas.

Posted 11/15/2025, 7:00 AM