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Quem come do fruto do conhecimento é sempre expulso de algum paraíso

A tecnologia prometeu te dar mais tempo. Te entregou mais trabalho.
Você responde mensagens mais rápido que seus pais, mas responde 300 por dia. Resolve tarefas em metade do tempo, mas resolve o dobro.
Ficou mais eficiente e mais sobrecarregado.

Cada ferramenta que acelera seu trabalho, multiplica a expectativa sobre você.
E-mail instantâneo te obriga a responder na hora. Mensagem entregue, te cobra leitura imediata.
Produtividade maior te dá meta maior. Você não ganha folga, ganha mais trabalho comprimido no mesmo dia.

Antigamente a carta demorava semana, resposta demorava outra.
Ninguém cobrava rapidez porque era impossível.
Hoje você demora 2 horas para responder e já parece desleixo.

Velocidade virou padrão, lentidão virou incompetência, e você acelerou tanto que perdeu a capacidade de ir devagar. Não consegue ler sem pular parágrafo, não assistir vídeos sem acelerar, não aguenta a conversa que demora para chegar no ponto.
Treinou seu cérebro para consumir rápido. Agora não processa profundo.

Você confunde urgência com importância. Responde tudo o que é urgente e deixa o importante para depois, porque urgente grita, importante espera.
E no fim do ano você fez 3000 urgências e zero coisas que importam de verdade.

A promessa era que a tecnologia te libertaria. O resultado foi te aprisionar na pressa. Você vive correndo de tarefa em tarefa, sempre atrasado, sempre devendo sempre com a sensação de que falta fazer, porque a aceleração não reduz demanda, aumenta expectativa.

Paciência virou defeito. Rapidez virou virtude. Mas rapidez sem direção é só agitação. Você pode fazer cem coisas por dia e nenhuma valer a pena ou fazer três devagar e construir algo que fica.

No fim você morre tendo feito muito e construído pouco, porque construção exige tempo, exige lentidão, exige pausa para pensar.
E você passou a vida acelerando sem parar para perguntar: Acelerar pra onde?