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tem alguém ai?

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Há momentos em que nos tornamos estranhos para nós mesmos. O reflexo no espelho parece o de um desconhecido, um rosto que carrega um sorriso vazio enquanto, por dentro, tudo é silêncio. Um silêncio que não traz paz, mas consome. É mais simples dizer que está tudo bem, pintar a imagem que os outros querem ver. Admitir o contrário exige coragem para enfrentar o que há de mais sombrio em nós.

Viver na própria mente pode ser como andar por um campo minado. Cada pensamento parece uma ameaça, cada lembrança, um estopim. Há dias em que o peso das escolhas e dos segredos se torna insuportável, transformando a vida em uma batalha constante. Nesse cenário, a fé começa a desaparecer, seja em nós mesmos, nas pessoas ou em algo maior.

Mesmo assim, em meio ao caos, existe um pedido de socorro que ecoa por dentro. "Tem alguém me ouvindo?" A pergunta pode nunca ser dita em voz alta, mas está lá. Não buscamos respostas, apenas a certeza de que não estamos sozinhos nesse turbilhão.

Ainda assim, insistimos em carregar a dor e esconder as feridas como se fosse um dever. Talvez seja orgulho ou medo. Talvez a ilusão de que, ao esconder nossas cicatrizes, preservamos a imagem de alguém forte e inteiro.

Mas viver assim não é justo. Não deveríamos acreditar que é preciso afundar para validar o sofrimento ou guardar segredos como um fardo eterno. Admitir as dores não nos torna menos dignos, mas nos aproxima do que significa ser humano. Somos feitos de falhas, tropeços e recomeços.

O silêncio, por mais pesado que seja, pode ser rompido. A voz que pergunta "tem alguém me ouvindo?" também precisa de uma resposta. E essa resposta começa em nós, no ato de olhar para dentro e admitir. Não está tudo bem, mas pode ficar.