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Gravação mental nº 37

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✎Hoje meu cabelo acordou mais bonito que minha vontade de socializar. Acordei cedo fiquei sentada na beirada da cama, ouvindo o tic-tac daquele relógio velho que nunca acerta a hora, levantei e coloquei o meu moletom de estimação (aquele roxo que já nem é roxo) coloquei meu colar relicário com a foto do pai. Biquinho torto, barbinha. Dei um beijo no pingente.

Eu sentei no banco perto da estação, com meu fone plugado na banda da minha mãe. Tava tocando aquela música nova dela, eu amo. Eu e minhas músicas de “olha como eu sou triste e poética” mesmo que eu só tenha tirado 4 na prova de Português.

Passou um cara correndo com uma mochila da Dolce Vita e um topete armado, achando que tava num clipe. Eu ri sozinha. Tipo, relaxa, moço, o Popgrammy não é aqui não.

Hoje ninguém falou comigo no recreio, mas também ninguém falou besteira. Eu queria gritar um "me dá licença que eu existo, tá?".

Detesto ser a aluna nova.

O metro demorou. Tipo... demorou real. E eu já tava lá fazia uns vinte minutos, fingindo que não tava com frio, com a blusa do uniforme amassada e minha mochila pendendo tipo um pêndulo de Dakkar

Todo mundo ali parecia saber pra onde tava indo. Eu só queria ir pra casa, tomar um banho quente e comer o resto do brigadeiro de colher que escondi atrás do feijão na geladeira.
(Eu sou gênio às vezes. Quando não tô tirando 4 em português, sim eu tô bolado com isso, minha mãe é escritora!!)

Quando o metro chegou, levantei rápido, botei a mochila no ombro direito que é o lado forte, o banco do metro tava gelado. Mas o sol entrou meio tímido pela janela, pegando de lado no meu rosto. ☼

Foto do colar relicário com papai ⤵︎

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