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DIÁRIO DE BORDO DATA ESTELAR 150 - Vida na estrada e bug

"Detectei o bug. Não se preocupem…vou entrar na Matrix e resolver isso por dentro."



Às vezes me pergunto em qual fuso horário meu coração bate. Acordo em outro quarto de hotel — todos diferentes e iguais.

O aeroporto virou uma segunda casa. Caminho pelos corredores como quem passa pela sala de estar, arrastando a mala e o fone de ouvido tentando me proteger do mundo. Entre um voo e outro, ensaio mentalmente melodias novas.. Às vezes, tudo parece um grande borrão de embarques e desembarques.

Do aeroporto, sigo para a van que me espera. Sempre tem uma garrafa de água no banco e alguém dizendo “falta pouco para o teatro”, enquanto eu observo a cidade passando pela janela. São esses momentos silenciosos que me fazem lembrar por que tudo isso vale a pena.

Chegando ao local do show, começa a transformação. Maquiagem, luzes quentes do camarim, o cheiro de spray de cabelo e o barulho dos técnicos ajustando as últimas coisas no palco. É como se outra versão de mim despertasse — aquela que vive pela música, que respira cada nota, que se alimenta da energia do público.

Entre gravações de programas de TV, entrevistas e aparições rápidas, sigo correndo de um lado para o outro, sempre com alguém dizendo “temos que ir”, “falta cinco minutos”, “próxima pauta”. Mas sei que fui eu mesma quem escolheu esse caos — e que ele também me escolheu.

Depois do show, volto ao hotel com o rosto marcado pela maquiagem e o coração acelerado pela adrenalina. Tiro os sapatos e me jogo na cama. O silêncio do quarto é sempre estranho depois dos aplausos, mas é nele que me equilíbro. É o intervalo antes da próxima cidade, do próximo voo, do próximo palco.

Nem sempre é fácil. Às vezes dói. Às vezes cansa. Mas quando estou lá em cima, sob as luzes, cantando para pessoas que vieram me ouvir… tudo faz sentido. A estrada é dura, mas é nela que minha alma se sente viva.