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[Interlúdio] emoções.

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Ele estava à beira da piscina, o som da água misturado ao farfalhar das páginas do pequeno caderno de desenhos que sempre o acompanhava. Folheava distraidamente até que um desenho antigo chamou sua atenção. A folha estava rasgada, colada de volta apenas por fita adesiva, e a imagem, incompleta — um retrato do quintal da casa em Londres. Havia barracas improvisadas, uma fogueira, luzes penduradas e cinco sombras que representavam sua família.

Ethan nunca refizera aquele desenho. Por mais que tentasse, nenhum traço novo parecia capturar o que sentira naquele dia. Era como se o sentimento tivesse ficado preso no tempo — e ele não pudesse voltar para buscá-lo.

Lembrou-se, então, do motivo da rasura: uma briga antiga com Ryan. O irmão mais velho, num impulso, arrancou o caderno de suas mãos e o jogou longe. A página se rasgou, e, em retaliação, Ethan lançou um dos livros favoritos de Ryan pela janela. Uma daquelas discussões que o pai sempre tentava apaziguar, mas sem muito sucesso, afinal, eram dois meninos teimosos demais para recuar.

Por dias, ele e Ryan não se falaram. Até que o pai o chamou para conversar. Foi um diálogo longo, mas uma frase permaneceu com ele desde então:

“Tente relevar, filho. Quando a gente age no calor da emoção, é difícil perceber que pode acabar ferindo alguém. Ninguém costuma machucar de propósito — mas às vezes acontece. O importante é tentar entender o que há por trás das atitudes. Você por exemplo, jogou o livro dele pela janela porque queria realmente magoá-lo?”

Agora, sentado ali, sob a lua refletindo na água, Ethan finalmente compreendia o que o pai quis dizer. Pensou em Runa e, por mais irônico que parecesse, conseguiu relacionar os momentos. As emoções eram difíceis de entender às vezes, mas talvez fosse isso que significava crescer — e ele estava apenas começando a aprender.